340. É solene para o Espírito o
momento de sua encarnação?
Pratica ele esse ato considerando-o grande e
importante?
“Procede como o
viajante que embarca para uma travessia perigosa
e que não sabe se encontrará ou não a morte
nas ondas que se decide a afrontar.”
(O Livro dos
Espíritos)
1. EPOPEIA DOS DIAS
A Vida é um mar
revolto,
Oceano de águas
bravias,
Em que se navega
livre, solto,
Na grande epopeia dos
dias.
Ondas lançam barcos a
rochedos.
Os marinheiros
corrigem as rotas.
No caudaloso gigante
dos medos,
Arriscam-se, audaciosas
frotas.
Os ventos de mil
surpresas
Sopram emoções a
vários nós.
O amor emerge entre as
belezas
De tão belo e tão
salgado algoz.
A vida é uma grande
viagem,
Uma jornada, uma
travessia,
Em que se perde a
bagagem
Da arrogante e tola
teimosia.
Haja estômago,
sacrifício,
Nessa nauseante
passagem,
Do berço ao porto
final da biografia.
Entre o cais natalício
E a derradeira
ancoragem,
Anjos são o farol que
Deus nos confia.
(...) E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente
deles até que parou sob o lugar onde se encontrava o menino.
(Mateus 2, 9)
O anjo, porém, lhes disse: “Não temais! Eis que vos anuncio uma grande
alegria, que será para todo povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o
Cristo-Senhor, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um
recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura”.
(Lucas 2, 10-11)
2. CALMARIA
Farol de fé, amor e
caridade,
Facho ardente, luz
peregrina,
Desfaz o egoísmo, a
vaidade
E o medo, a invernal
neblina.
Vencido o tenebroso
nevoeiro
Do pavor, dessa sombra
irrefletida,
Contempla, o feliz
marinheiro,
A grandiosa corrente
da Vida.
Mas vê novamente a
desdita:
Há névoa no peito dos
marujos,
Que lhes aflige a fé,
e a fé aflita
Enseja os extremismos
sujos.
Não! Não ceder ao
terrorismo!
Amor é bússola. Buscai
Deus!
Avançar em amor e
pacifismo,
Sem a histeria turva
dos fariseus!
Anjo Guardião que, à
noite fria,
É farol do amoroso
Continente,
Dos navegantes, o
celeste guia
(Estrela dos magos do
Oriente),
Encoraja com sua
bondosa luz
Os marinheiros, e lhes
ilumina
A senda (desatando a
neblina)
E mostra aos nautas
onde há Jesus
Como mostrou, na noite
natalina,
Aos homens, o Alvor da Luz Divina.
3. REINO CONTINENTAL
Jesus é Sol a brilhar
no Esplendor
Da Infinita Terra da
Verdade.
No continental Reino
do Amor,
Reina a Manhã da justa
Igualdade.
Desatada a neblina, os
nautas
Já avistam a Praia da
Bonança,
Onde moram as virtudes
altas,
Onde a hipocrisia não
alcança.
Brilhando acima do
Continente,
Ensina Jesus (Mestre
do Amor):
“Sê pacato, modesto,
indulgente,”
“Ama teu próximo, ama
teu Senhor”.
“Não faças como o
fariseu ufano,”
“Quem se exalta será
rebaixado!”
“Sejas humilde como o
publicano,”
“Quem se rebaixa será
exaltado!”
“O fariseu canta, ora,
jejua, oferta,”
“Guarda o sábado
sacralizado,”
“Mas não ama. Sem ter
alma aberta”
“A todos, como ser
justificado?”
“Antes das ofertas
ritualísticas,”
“Vá, reconcilia-te com
teu irmão!”
“E cuide dos náufragos
desse mundo.”
“Marujos, as terras
serão pacíficas”
“Quando brilhardes
amor e perdão.”
“‘Vós sois Deuses’,
sede solo fecundo!”